Precisamos falar de liderança em tempos de mudança. Estamos passando por mudanças intensas em todos os setores da sociedade. Situações que até então eram vistas apenas nos livros de história ou em filmes de ficção científica estão aí presentes em forma de máscaras de proteção, isolamento social, trabalho em home office etc. A pandemia trouxe à tona questões até então nunca pensadas. Situações das quais achávamos que estávamos protegidos devido aos avanços tecnológicos e científicos que conquistamos nas últimas décadas.
Nas empresas as mudanças têm sido enormes. Questões que estavam fora dos planos estratégicos foram revistas e trazidas para cima das mesas decisórias. Projetos que estavam sendo adiados, precisaram nascer mesmo que prematuramente.
Dentre as várias competências que precisaram ser discutidas e reavaliadas, as de adaptabilidade e de inovação se mostraram indispensáveis.
Dessa forma, os empregados também estão passando por grandes mudanças. Eles têm sido desafiados a toda hora a acompanhar o ritmo frenético que as novas rotinas e estratégias lhes impõe. Esse ritmo tem criado grandes transformações sociais e comportamentais. Angústias têm visitado os corações e as mentes dos colaboradores em forma de perguntas como:
- Minha empresa vai resistir a esse momento?
- Eu vou perder o meu emprego?
- Eu vou conseguir suportar tanta pressão?
- Eu vou conseguir me manter saudável?
- Minha família vai estar saudável?
- O que vai acontecer com a economia?
São muitas perguntas. São muitas dúvidas.
Nesse momento, uma liderança proativa e presente nunca foi tão necessária para condução das equipes na travessia dessas águas turbulentas.
Uma comunicação clara, transparente e confiável é necessária para alinhar as expectativas e abaixar as tensões psicológicas. Então, os líderes precisam estar preparados para utilizarem habilidosamente essa forma de comunicação.
O CEO e chairman da LSA Global, Tristam Brown, escreveu um artigo a esse respeito para a Association for Talent Development que vale a pena ser compartilhado:
Com muitos funcionários resistindo naturalmente a tudo aquilo que não lhes indique o seu porto seguro, os seus líderes muitas vezes lutam para mantê-los engajados nas inevitáveis mudanças organizacionais. A maioria das mudanças, por si só, pode gerar uma sensação de mal-estar porque empurra os colaboradores de seu território familiar e confortável para um novo e inexplorado. Porém, se a mudança for comunicada corretamente ela pode ser menos difícil e às vezes pode ser até emocionante. Tudo vai depender da maneira como o líder vai passar a mensagem.
Baseado em décadas de pesquisa de engajamento de funcionários, Tristam Brown oferece seis dicas de comunicação para ajudar os líderes a conduzirem os seus liderados nas mudanças e ao mesmo tempo mantê-los engajado e focados nos objetivos pactuados:
1. Comunique as razões – aberta e honestamente
Os funcionários merecem seu respeito. Não tente protegê-los do que está acontecendo nos bastidores. Se você quiser que eles continuem engajados, certifique-se de que entendam por que a mudança é necessária. Uma abordagem simples e direta eliminará qualquer suspeita de que há um problema que você está tentando esconder. É provável que você incentive fofocas e boatos se não for transparente, claro e verdadeiro. Você saberá que está no caminho certo quando os funcionários entenderem por que as mudanças estão sendo feitas.
2. Comunique as mudanças de cima para baixo
Mudanças significativas requerem comprometimento, envolvimento e modelagem consistente da liderança. Os funcionários esperam ouvir primeiro a situação atual, as complicações e as implicações dos líderes. O anúncio inicial da mudança deve chegar a todos os funcionários, vindo do CEO (de preferência pessoalmente) e, em seguida, se espalhar por toda a organização em discussões de equipe francas e bidirecionais com diretores, gerentes e supervisores. Você saberá que está no caminho certo quando os funcionários acreditarem que os líderes fazem um bom trabalho ao informar os funcionários sobre as mudanças e acreditar que seu supervisor é um apoiador ativo das mudanças que afetam sua equipe.
3. Explique como a mudança os afetará
Os funcionários querem saber o que a mudança significará para eles pessoal e profissionalmente. O papel deles mudará? Seu desempenho será medido de forma diferente? Eles terão um novo chefe ou equipe? Reconheça que as coisas serão diferentes e que você aprecia o esforço que será necessário para se ajustar. Como muitos funcionários ficarão ansiosos com o futuro, entenda que haverá um componente emocional em sua reação à mudança. Dê-lhes as boas notícias (os benefícios específicos para eles) e as más notícias (se houver). E, sem dúvida, agradeça-lhes por sua cooperação, paciência e lealdade contínua à empresa.
4. Detalhe o processo de mudança geral
Dê aos funcionários um plano passo a passo para o que vai acontecer e quando. Quanto mais claramente eles souberem o que esperar, mais confortáveis se sentirão com o processo. Compartilhe o que você sabe, o que ainda não sabe e quando espera preencher as lacunas.
5. Seja específico sobre o que eles precisam fazer
Depois que os funcionários tiverem o plano geral, eles vão querer saber onde se encaixam e o que se espera deles. Que ações eles devem tomar? É aqui que eles precisam estar envolvidos com a mudança e se comprometer com ela. Se houver alguns funcionários mais necessários para que a mudança seja bem-sucedida do que outros, você pode tentar direcionar e personalizar suas comunicações para vários públicos.
6. Dê aos funcionários a chance de digerir as informações, fazer perguntas e levantar preocupações
Esta é a etapa mais crítica de todas para manter os funcionários engajados. Ofereça oportunidades de comunicação bidirecional, onde os funcionários fazem perguntas e obtêm respostas. Uma pesquisa anônima pode ajudar, mas recomendamos reuniões cara a cara sempre que possível. Você saberá que está no caminho certo quando os funcionários sentirem que são solicitados a dar sua opinião sobre mudanças que afetam seu trabalho.
Tristam Brown, encerra o seu artigo dizendo: a mudança é uma constante e também é confusa. Facilite as transições para seus funcionários, comunicando-se aberta e honestamente e encorajando as suas perguntas, compromisso e colaboração.
Então, líderes, lembrem-se que uma boa comunicação ameniza a angústia frente às incertezas que o momento traz para os seus liderados. Aproxime-se deles, deixe-os perceber que podem contar com você. Afinal, liderar é caminhar junto com a sua equipe inspirando-a para vencer os desafios que precisam ser vencidos.