Um dos maiores desafios das lideranças em tempos de turbulência é manter seus liderados confiantes e psicologicamente seguros quando se veem imersos por inúmeros desconhecidos desafios
Apesar da forte pressão, de todos os níveis, e das decisões complexas e urgentes que o líder tem que confrontar, para ele liderar no caos ele pode e deve buscar ações apoiadas por pesquisas e estudos. Estas ações ajudarão a reformular e redirecionar a forma com a qual ele e a sua equipe irão percorrer os caminhos incertos e inseguros dos tempos de crise.
Um requisito primordial para o bom funcionamento da equipe é o seu nível de motivação e, como já nos ensinou Abraham Maslow, um componente essencial da motivação é o relacionamento. À medida que o atual contexto cria uma realidade cada vez mais contundente e assustadora gerada na pandemia do COVID-19, as ações preventivas têm visto no isolamento social a única opção efetiva de proteção social.
Nesse momento, mais do nunca, é papel do líder cuidar para que o sentimento de pertencimento da equipe não se desbote. Para exercer a liderança em tempos turbulentos é preciso que buscar medidas que garantam que cada membro se sinta parte essencial e valorizada dentro da equipe.
Os três passos delineados abaixo, podem contribuir para que o líder crie confiança em si mesmo e em sua equipe, enquanto cultiva ativamente o relacionamento interpessoal.
1. Comunicar cedo e frequentemente
Uma reação natural no ser humano, em tempo de crise, é a de se abrigar e ficar em silêncio. Esta é uma resposta natural ao medo de uma ameaça iminente, mas que paradoxalmente produz danos significativos. No início, faz sentido manter o silêncio até que a direção oficial seja providenciada. Os líderes talvez não queiram se antecipar (ou contradizer) à política oficial.
Contudo, ao não comunicarem, os líderes podem parecer pouco cuidadosos ou irrealistas. O cérebro humano têm um forte viés negativo: sem informação, as pessoas normalmente assumem o pior. Além disso, os líderes podem sobrestimar as expectativas de que os seus liderados precisam ter todas as respostas, quando na realidade eles só querem se sentir conectados e protegidos.
É muito melhor apenas compartilhar o que você sabe e construir mais credibilidade, sendo honesto sobre os limites do seu conhecimento e a intenção sincera de permanecer o mais informado e comunicativo possível. A comunicação aberta solidifica a sua reputação e apoia o moral da sua equipe. Também demonstra cuidado e respeito pelos membros da equipe, nivelando-se a eles como profissionais sobre o que é conhecido ou o que foi decidido, o que não é conhecido ou o que não foi decidido, e quando mais informações podem ser esperadas.
2. Ultrapassar as distâncias que ameaçam a equipe
O que você sabe sobre a gestão eficaz de uma equipe virtual? Agora é o momento de melhorar ou refrescar os seus conhecimentos.
Conheça os vários tipos de distâncias que podem resultar da gestão de uma equipe distribuída – física (local e tempo), operacional (tamanho da equipe, largura de banda e níveis de competências) e afinidade (valores, confiança e interdependência) – e considere o efeito de potenciais perturbações na identidade e contexto partilhados da equipe que podem resultar de uma mudança abrupta para o teletrabalho obrigatório. Se você ainda não está administrando uma equipe virtual, comece a comunicar como você vai estabelecer e manter esta nova situação imediatamente.
A sua maior prioridade é mitigar os efeitos potenciais da distância de afinidade; se a sua equipe ainda não tem um sólido sentido de identidade partilhada, é importante uma liderança e comunicação claras para lançar as bases para este elemento necessário de um trabalho remoto eficaz. Como líder, seu papel é reforçar o que é compartilhado na equipe – o propósito – e reforçar que os membros dependem uns dos outros para alcançar um objetivo maior.
Sem um senso comum de identidade da equipe, os conflitos e mal-entendidos entre os membros podem aumentar, especialmente em momentos de maior estresse.
Para gerenciar à distância, você precisará exibir habilidades de comunicação aprimoradas e encorajar outros a seguirem sua liderança. A videoconferência pode ser o próximo melhor substituto para as conversas presenciais como oportunidades para construir confiança e manter o relacionamento. Compartilhe abertamente suas expectativas e estabeleça normas de equipe para usar diferentes tipos de comunicação, incluindo os tempos de resposta esperados. Não assuma que já estão todos na mesma página. O seu trabalho é levá-los lá.
3. Preparar para a reentrada intencional
Cada vez que a organização pede uma nova forma de trabalho, você deve reformar sua equipe como um grupo coerente, motivado e de alto desempenho. Não assuma que isso representará um retorno fácil ao modo de operação anterior.
Ao invés de fazer o normal, os membros da equipe apreciarão um período de reentrada em que se acostumarão a estar juntos novamente. Lembre-se que isto também pode levar tempo. Cultivar feedback e diálogo aberto para discutir o que funcionou e o que não funcionou, quais elementos de colaboração virtual gostariam de continuar, e como pensam que esta experiência pode afetar a equipe a longo prazo.
Considere reiniciar a dinâmica da equipe através de uma sessão direcionada à ela. A prioridade aqui é criar um tempo e espaço dedicados longe da agitação das atividades diárias para assegurar intencionalmente o alinhamento da equipe após superar uma grande perturbação no seu dia-a-dia. A chave aqui é não apenas assumir que a equipe se reunirá de novo sem problemas, mas criar intencionalmente as condições para que ela possa coexistir de forma realista mais uma vez.
E lembre-se “tempos sem precedentes chamam por líderes extraordinários”. A liderança em tempos turbulentos exige uma postura adaptativa e fortes relações de confiança entre líderes e suas equipes.